DESPEDIDAS...





Quero dividir com todos algumas de minhas reflexões ao presenciar esse lindo Pôr do Sol registrado por mim.
É interessante a grandeza desse momento, as cores, a magnitude e a beleza que os olhos humanos podem registrar no entardecer, no crepúsculo ao fim do dia, onde o astro Rei morre no horizonte para nascer de novo em um outro dia.
Curiosa essa magia que se repete todos os dias, nos fazendo refletir no quanto a Vida se parece com esse eterno nascer e morrer do Sol.
A vida humana é como esse por do Sol, nascemos, alcançamos o meio dia (a maturidade) e aos poucos vamos penetrando o crepúsculo da Vida, até o ato final da morte atrás dos montes.
Na Natureza isso se repete, também, nas estações. Primavera, verão, outono e inverno... num ciclo de nascimento e morte infinitos.
Também nós atravessamos as estações da vida e suas respectivas belezas: a primavera de nossas infâncias, onde tudo é sonhos; o verão de nossas juventudes, onde tudo é vida intensa; o outono, quando somos mais reflexivos pelo inverno que se aproxima e pelo tempo que não teremos mais; e, por fim, o inverno, a velhice, onde o crepúsculo, o Pôr do Sol da Vida se aproxima.
No entanto, se prestarmos atenção nesses fenômenos da Natureza, poderemos ver que em cada um deles algo de belo se apresenta, pode ser observado por aqueles que “tem olhos de Ver”.
Tal como a beleza das flores na primavera, a infância trás a alegria das bagunças, das coisas engraçadas e gostosas que os pequeninos fazem e tanto alegram nossas almas.
No verão, o calor, comparado a intensidade de nossas juventudes, onde nossos hormônios, nossa pulsão de vida preenchem nosso ser de um “tesão” de viver e curtir a vida.
Chega o outono, e com ele a beleza variada nas cores das folhas das árvores que se preparam para “dormir” no longo inverno que já se avizinha. É na maturidade que nos damos conta que a velhice é o Pôr do Sol existencial, por nós chamado de morte. Mas esse período da vida, tal como a estação do ano, pode apresentar intensos sentimentos e beleza aos olhos e a nossa percepção. Mas é preciso apreciar a beleza da despedida.
Sabemos que o inverno irá chegar e com ele muitas saudades da primavera de nossas infâncias, mas também chegará o tempo de visitarmos as nossas memórias, exatamente como fazemos com nossas fotos antigas, e sentirmos o doce sabor da saudade. Digo doce sabor pois a “Saudade é a alma sentindo falta daquilo que amou”, diria Rubem Alves, e se não sentimos, no entardecer, no inverno da vida, saudades de nada e nem de ninguém, pobre de nós! Será a prova de que nunca amamos nada e ninguém.
Aprender a se despedir a cada dia, eis o que eu aprendi ao presenciar esse lindo Pôr do Sol registrado na fotografia. Nesse lugar tão lindo, várias pessoas esperavam pelo espetáculo do Astro Rei, e quando ele nos seus últimos momentos morria no horizonte, eis que uma salva de palmas foi ouvida, como dizendo um “adeus” e um “obrigado por você existir”.
Vamos aprender com o Sol?
Quem sabe se pararmos de sentir medo e pena de quem está se pondo, está no crepúsculo da vida, não seja uma maneira bonita de também dizer a eles: “adeus! Obrigado por sua existência”.
Talvez precisemos sentarmos próximos aos que se aproximam do entardecer, do inverno da vida para apreciarmos as belezas dos espetáculos de suas memórias, de suas histórias, de seus sentimentos já adormecidos pelo tempo.
Mas poucos terão coragem para ouvir os “velhos”, afinal, o que incomoda neles é a proximidade da morte, e o quanto isso nos remete a nossa própria finitude, ao crepúsculo de nossa vida que chegará. Mas correr desse fenômeno é empobrecer a própria vida.
Viver só tem sentido pois sabemos que um dia iremos morrer, e por sabermos disso, podemos aproveitar cada segundo de nossas vidas, até o fim, e sentarmos para apreciar o momento da despedida no crepúsculo da existência.
Essas foram minhas simples, porém, verdadeiras reflexões ao Pôr do Sol de Campos do Jordão!
Usando de uma frase de Rubem Alves e de um ensinamento do próprio Cristo, diremos que:

“A Beleza está nos olhos de quem vê, e somente aqueles quem tem olhos de Ver, podem enxergá-la”

Autor: Charles José – Psicólogo Clínico, Psicanalista e Sexólogo.


Agendamentos em Valença:
(24) 2452-4478 / (24) 99817-2071 ou (24) 99273-4381.

Comentários

Postagens mais visitadas