VAGINISMO: UM SOFRIMENTO FEMININO!



Muitas mulheres chegam aos consultórios de psicologia, encaminhadas por suas ginecologistas, pois apresentam grande dificuldade no ato sexual, especificamente na penetração do pênis em suas vaginas.
É então que o Psicólogo ou Sexólogo Clínico (terapeuta sexual), irá investigar as possíveis causas psicológicas de tais sintomas, juntamente com o médico ginecologista a fim de fechar um diagnóstico clínico e iniciar um tratamento eficaz ao quadro.
O que pode caracterizar o Vaginismo é um espasmo reflexo involuntário dos músculos perivaginais (contrações fortes da vagina) e, ocasionalmente, dos músculos adutores da coxa, a ponto de os joelhos ficarem colados um contra o outro, o que provoca dor, e nos casos extremos, impede o coito.
As mulheres com vaginismo têm por queixa principal a dificuldade em ter uma penetração. Se não há penetração, não há atividade sexual satisfatória.
Se perguntarmos às mulheres se já ouviram falar de vaginismo, elas podem não saber do assunto ou dizer nunca terem recebido nenhum tipo de explicação sobre tal assunto. Invertendo a questão, se perguntarmos a um grupo de mulheres se já ouviu alguma amiga queixar-se de não conseguir ter relações sexuais, que tem medo da dor que o pénis pode causar com a penetração, que os músculos se contraem e fica ansiosa quando o namorado ou marido tira a roupa, certamente que a reação será bem diferenciada.




O Vaginismo pode ser dividido em quatro principais grupos:
primário, no qual a mulher nunca teve a penetração do pénis ou objetos na vagina;
secundário, a mulher já experimentou a penetração, mas, devido a algum problema ou evento percebido como ameaçador ou traumático, não consegue ter uma relação sexual com penetração;
seletivo, que ocorre diante de determinados companheiros, de forma como se fosse uma repulsa àquele companheiro em específico.
não-seletivo, que ocorre com a mulher, independentemente do parceiro ou companheiro sexual, mas sendo sempre uma reação de aversão a penetração, independentemente do parceiro.


Esses quatro principais grupos devem ser estudados pelo profissional de psicologia ou sexólogo, junto com o ginecologista, procurando causas físicas e psicológicas que podem estar motivando, de forma consciente e inconsciente, a aversão e ansiedade que provocam dor durante a penetração.
Geralmente as mulheres que sofrem de Vaginismo apresentam uma repressão sexual muito considerável, seja por medo do pecado, por questões de criação de excessiva repressão familiar ou mesmo de fortes crenças em torno da sexualidade que se torna um tabu. Essas mulheres, em geral, apresentam pouco conhecimento da sexualidade e do próprio corpo.
Outro fator muito importante no desenvolvimento do vaginismo é um trauma psíquico. Tais mulheres podem apresentar traumas psíquicos, conscientes ou inconscientes, relacionados ao sexo, que por elas pode ser interpretado como da ordem do horror. Esses traumas podem ter origens diversas, desde fatos que envolviam a sexualidade e que foram reconhecidos como ameaçadores na infância, a abusos sexuais na fase infantil ou adulta, ou até mesmo fatos da ordem do imaginário. Como fato da ordem do imaginário, podemos dar o exemplo de uma paciente que sofria de Vaginismo e que considerava o sexo sujo e pecaminoso, e que ao longo do tratamento resgatou uma memória de ter, na adolescência, sentindo-se excitada ao ver uma foto do irmão nu, e ter desejado a introdução do pênis de seu irmão na sua vagina.
Faço uma breve pausa aqui, pois sei que muitas mulheres e homens, ao lerem o que acabei de escrever acima, serão tomados pelo horror, horror do desejo incestuoso. Porém preciso afirmar que todo esse nosso horror frente ao incestuoso é da ordem do nosso consciente, da nossa área mental da razão, e que para o nosso inconsciente não existe o certo e o errado, apenas o desejo. Surgem pensamentos e ideias em nossas mentes e que são, devido a nossa cultura, crenças e valores, fortemente rechaçadas para o inconsciente, por serem ameaçadoras para nossa integridade mental. Porém, muitas mulheres, como a do exemplo, acabam se punindo duramente por um desejo sexual que ocorreu em determinado momento. Ao invés de simplesmente rejeitarem a ideia e seguirem em frente, de acordo com seus escrúpulos e sua moral, necessitam se punir, se flagelarem para diminuírem a culpa de seus pensamentos, adquirindo assim a ideia de que sexo é sujo, imoral e que elas seriam imundas e por isso não devem fazer sexo. Essa a maior descoberta sobre o Vaginismo pela psicanálise: existem sempre razões inconscientes para a dor da penetração.
Mas o mais importante em tudo que narramos até o presente momento, é que no inconsciente podem existir desejos de punição por pensamentos que tivemos, fatos dolorosos de abusos sexuais sofridos na infância, cenas sexuais assistidas quando ainda era criança e que foi tomada como de intensa agressividade e se mostraram assustadoras, etc. Essas razões inconscientes para o Vaginismo, somente poderão ser alcançadas com um sério trabalho de análise psicanalítica.
Tal trabalho, apoiado no tratamento correlato com o ginecologista, poderá libertar as mulheres que sofrem do Vaginismo, deixando que vivam plenamente sua sexualidade. O contrário, pelo que vejo em minha prática clínica, é a depressão, o isolamento, o divorcio pela impossibilidade de relações sexuais satisfatórias. Por isso a importância de procurar sempre ajuda e de não abrir mão de sua vida sexual.


Se você apresenta os sintomas abaixo, procure ajuda o quanto antes:
  • Contração involuntária da musculatura da pelve na relação sexual
  • Dor durante a relação sexual
  • Dificuldade de manipulação da região
  • Baixa autoestima
  • Ansiedade.

Autora: Charles José da Silva. Psicólogo Clínico, Psicanalista e Sexólogo. CRP: 05/47.134.
(24) 2452-4478 / (24) 99273-4381 ou (24) 99817-2071.

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